A Dona E. não sabe navegar na internet.
Pelo menos uma vez por mês ela fala sobre seus planos para aprender a usar o computador, mas quem a conhece sabe que nunca sequer vai ligar um.
(Quem sabe um dia algum parente ou amigo, navegando por essas bandas, leia esta mensagem...)
A Dona E. não sabe o quanto a admiro.
Todas as vezes que nos vemos ela mostra a raridade do seu amor e dedicação de mãe... não nos permitimos, porém, deixar explodir demonstrações de afeto já tão adormecidas.
(Quem sabe um dia eu consiga finalmente expressar toda a minha gratidão.)
A Dona E. não sabe que o meu maior sonho é ser a mãe que ela é.
Quantas vezes ouvi o alerta de que só seria possível entender a vida depois da maternidade... Eu que nunca acreditei, eu que queria provar o quanto ela estava errada, hoje estou frente a frente com o meu passado, presente e futuro... encarando o vazio do desconhecido.
(Quem sabe um dia eu seja capaz de admitir que finalmente a compreendo.)
A Dona E. não sabe o quanto eu gosto de conversar com ela.
Todos os dias falamos uma com a outra sem dizer quase nada... na superfície das vozes fica retido o cotidiano: sob ele a profundidade do não-dito sufocado por anos de silêncio.
(Quem sabe um dia essa longa espera pelas palavras sinceras chegue ao fim.)
A Dona E. não sabe que me preocupo com a sua aprovação.
O seu olhar não consegue esconder a mágoa da desilusão... e a distância provocada pelas minhas escolhas parece estar se tornando intransponível.
(Quem sabe um dia ela perceba que a felicidade também mora na alteridade.)
A Dona E. não sabe o quanto a amo.
(e provavelmente nunca vai saber...)
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