Vamos continuar com o nosso blog!

Pois é:

"A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?"

Perguntamos com o mestre Drummond: E agora, o que fazer com este blog depois do casamento passado, abençoado, lavrado em cartório e totalmente consumado?

Resolvemos continuar aproveitando o espaço para partilhar com os amigos, que testemunharam e celebraram a nossa tão inesperada união, as andanças desta vida de casados...
Serão alegrias, inquietações, felicidades, angústias, momentos de paz, lamúrias... enfim: pequenas expressões do cotidiano de um casal apaixonado...

Como é que se diz Eu Te Amo?

"Deixa alguma coisa bonita no meu facebook... escreve que me ama, ou alguma coisa assim", disse ele um dia desses.
Respondi apenas com um sorriso e o pedido logo se perdeu em meio às urgências do cotidiano...
Mas eu não esqueci, meu amor...

Aquele pedido não me saía da cabeça!...
"Será que ele não sabe ou será que ele não consegue ver? Ou pior: será que não sei mais demonstrar?" Ficava remoendo essas dúvidas e... nada.

Então, numa madrugada, enquanto a casa toda sonhava, abri os olhos, vi você dormindo ao meu lado e te abracei...
Sabe, meu amor, os dias passam, as tarefas domésticas nos engolem, o trabalho nos sufoca, as crianças precisam de muitos cuidados e atenção, e às vezes não sobra tempo para esse abraço... longo e apertado... do tipo que tira o ar e renova a alma.

Agora, quase todas as noites eu roubo esse abraço.

Finalmente descobri a resposta: Eu te amo também se diz em silêncio.




Doctor honoris causa





Coincidências da vida: meu casamento e meu doutorado começaram juntos - tudo aconteceu em fevereiro de 2009.
Hoje, 4 anos e meio depois, os dois tornaram-se incompatíveis: ou o casamento junta todas as suas forças para acabar a Tese ou a maldita Tese vai tentar acabar com o casamento.

Só as mães são felizes

A Dona E. não sabe navegar na internet.
Pelo menos uma vez por mês ela fala sobre seus planos para aprender a usar o computador, mas quem a conhece sabe que nunca sequer vai ligar um.
(Quem sabe um dia algum parente ou amigo, navegando por essas bandas, leia esta mensagem...)

A Dona E. não sabe o quanto a admiro.
Todas as vezes que nos vemos ela mostra a raridade do seu amor e dedicação de mãe... não nos permitimos, porém, deixar explodir demonstrações de afeto já tão adormecidas.
(Quem sabe um dia eu consiga finalmente expressar toda a minha gratidão.)

A Dona E. não sabe que o meu maior sonho é ser a mãe que ela é.
Quantas vezes ouvi o alerta de que só seria possível entender a vida depois da maternidade...  Eu que nunca acreditei, eu que queria provar o quanto ela estava errada, hoje estou frente a frente com o meu passado, presente e futuro... encarando o vazio do desconhecido.
(Quem sabe um dia eu seja capaz de admitir que finalmente a compreendo.)

A Dona E. não sabe o quanto eu gosto de conversar com ela.
Todos os dias falamos uma com a outra sem dizer quase nada... na superfície das vozes fica retido o cotidiano: sob ele a profundidade do não-dito sufocado por anos de silêncio.
(Quem sabe um dia essa longa espera pelas palavras sinceras chegue ao fim.)

A Dona E. não sabe que me preocupo com a sua aprovação.
O seu olhar não consegue esconder a mágoa da desilusão... e a distância provocada pelas minhas escolhas parece estar se tornando intransponível.
(Quem sabe um dia ela perceba que a felicidade também mora na alteridade.)
      

A Dona E. não sabe o quanto a amo.

(e provavelmente nunca vai saber...)